🚨urgente 🚨: diretamente do “vi na internet” ao “vozes na sua cabeça”
vamos falar sobre veracidade ?
Eis que nos dias seguintes às eleições no BR, o senhor de foto no perfil usando boné, óculos escuros, com aquele avatar nas cores da bandeira do Brasil cujo user é @edivaldo72576272367823 veio no Twitter dizer que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi preso. Ele recebeu a informação através de uma mensagem de áudio encaminhada com frequência no WhatsApp de um médico amigo de outro cidadão que é um dos "superintendentes da PRF" e recebeu informações internas do que estava rolando.
Mas ninguém esperou… Ninguém esperou dar as 20hrs e o William Bonner dar a notícia oficial ou então a Folha de São Paulo estampar na primeira capa uma foto expositora do sr. Ministro sendo conduzido à Polícia Federal. Nem mesmo esperaram o Datena com um correspondente diretamente do helicóptero Águia dando detalhes sobre a operação de busca e apreensão na casa do Alexandre. E assim, como em manada [risos], as ruas que já estavam tomadas por manifestantes ANTI DEMOCRÁTICOS [assim, em CAPS mesmo], fervilhavam com um exército de robôs do bolsy pedindo PELO AMOR DE DEUS SALVEM A PÁTRIA DO COMUNISMO e festejando o que nunca nem teve menção de existir kkkkkkkkk.
Tem culpa eu?
Mas cá pra nós, o que entorna o caldo das fakenews está em um nível mais complexo do que a simples averiguação de informação de que não existe ideologia de gênero ou banheiro unissex como projeto do governo Lula. Você se lembra do novo ensino médio? Aquele mesmo que desvaloriza matérias ligadas à subjetividade, pesquisa e interpretação de texto e prioriza o suprimento das necessidades mercadológicas de mão de obra técnica. E aquele surto de ter alfabetização única e exclusivamente por aplicativo [prometo seu filho alfabetizado em 6 meses taokey?]. Assistimos diversos ataques à educação nos últimos anos: universidade federal tradicional correndo o risco de fechar, museus completamente destruídos por falta de manutenção, casos de corrupção no Ministério da Educação e por aí vai. [mais uma - o que era aquele PPT do Moro durante do processo do ex futuro presidente eleito durante o caso triplex? dedo no cy e gritaria].
E isso também rolou e rola com o jornalismo: uma das grandes áreas afetadas por essa logística, principalmente após o surgimento das redes sociais mais voltadas para narrativas individuais como o Facebook. Desde que começou o movimento "Globo Lixo", o fetiche maluco da Folha de São Paulo sobre o Impeachment de Dilma Rousseff e o discurso mais uma vez, compartilhado no Zap, de que a rede se fortalece entre os seus e a grana toda dos veículos são oriundas da compra das pautas pelo poder político e comprometem veracidade dos fatos apresentados, resultou na descredibilidade dos profissionais de qualquer campo jornalístico e mais uma vez, a descredibilidade da pesquisa [e a academia novamente esquecida no churrasco].
Este desmonte, com o aparente propósito de que o senso crítico cedesse lugar à tentativa de fordismo 2.0 das relações de produtividade e consequente trabalho, foi em suma para predestinar as funções de execução técnica à quem depende das instituições públicas para definir os possíveis rumos de sua trajetória enquanto ser que trabalha, e assim a consequente romantização dos CEOs de MEI.
Aliás, ser CEO de MEI é um bom termo para aterrizar o descolamento da realidade financeira de muitos que voltaram a fazer arminha com as mãos e que não conseguiram compreender o desmonte de direitos com as reformas da previdência e do trabalho desde o golpe de 2016. A mentalidade empreendedora é instigada pela instituição massiva de coaches - ou seriam os "reais especialistas"? Muitos desses e em larga escala escolheram o caminho de vendas: vender ideais, vender histórias, vender relevância, vender autonomia crente de que: tudo que você quiser, o cara lá de cima vai te dar. Mas você só vai alcançar se fizer um esforço gigantesco independente do espaço que cresceu e independente das condições delimitadas pelas leituras sociais em que se está sujeito: meritocracia.
E mais um profissional no mínimo contraditório, no meio desse bololô todo, apareceu: o criador de conteúdo. A quantidade de caracteres ilimitados e o fácil compartilhamento de um textão no Facebook, as lives, a compra do Instagram pelo Facebook [atual META], depois a redução de conteúdo pautado agora na imagem no Instagram e também solidificou o gigante até então adormecido Twitter [até quando o Elon Musk quiser] com seus 280 caracteres suficientes para: não vou abrir o link, alguém resume aí pra mim? Fora os vídeos em 1,5x no Tik tok, né amigues?
Em qual mentira eu vou acreditar?
Empoderamento, feminismo, minorias, diversidade, meritocracia, branquitude, lugar de fala, colorismo, comunismo, mercado… quantas outras palavras da vez você já leu por aí? De tempos em tempos surge algum termo novo, muitas vezes esvaziado de sentido mas que coletivamente guia os conteúdos que possam vir a suprir a necessidade de dar nome aos bois mesmo que a gente não entenda absolutamente nada de maneira profunda e crítica sobre o que estamos falando. Atreladas a essas especificidades, sempre alguém em algum momento vai ser especialista sobre o assunto. E em necessidade extrema de reafirmar sua relevância vale desde explorar a capacidade de especulação humana até situações midiáticas que nunca existiram.
Contar uma história não necessariamente é assegurar que essa história é resultado de análises de conjuntura com possibilidades factíveis. E se já tem um certo tempo que as definições do que é ou não um veículo midiático informativo confiável estão bagunçadas [como revistas, jornais ou emissoras de rádio] têm um pilar que definitivamente não morreu: a imprensa.
No início deste ano, durante o BBB, se desconfiou da estratégia do campeão da vez para influenciar as decisões do público através das páginas sensacionalistas especializadas em fofoca de subcelebs, rinha entre fãs de divas pop e vídeos de alguém sofrendo algum tipo de violência. Basicamente, é disso que essas páginas se alimentam e se constroem, aliadas ao momento de deglutir conteúdos com chamadas sensacionalistas. Mas pera, esse não é um movimento recente [vocês lembram das capas da VEJA?]. A aplicabilidade dessa estética de comunicação retroalimenta o que foi dito acima sobre esperar que em algum lugar exista um resumo de fácil reverberação e que instigue aquela fofoquinha básica. E você com certeza já foi impactado pelo 🚨GRAVE 🚨URGENTE 🚨, pra chamar sua atenção [uma tentativa de tan tan tan tan tan tan tan tan tan tan tan tan taaaaaan - plantão da Globo kkk].
E a CHOQUEI faz tudo. É BBB e a Fazenda, é copa, é comentário sobre a novela das nove, é furo de quando vai ter Renaissance Tour… Contando com a maior das correspondentes, Gretchen [já notou que tem uma foto da Gretchen pronta para ser usada em qualquer situação? kkk], a página surpreendeu em ter uma ótima cobertura política durante as eleições e de fato ter um parceiro correspondente diretamente do TSE. Outro figurão, controverso diga-se de passagem, foi André Janones. Ele, que ao se posicionar contrário ao bolsy, resolveu atacar com as conhecidas artimanhas do próprio governo, reproduzindo vídeos com a estética dos canais do futuro ex-presidente, as tradicionais lives semanais com opiniões questionáveis e que muitas vezes alimentaram a dinâmica das fakenews também entre a esquerda. Jogue com as armas que eles jogaram, alguns disseram.
O Brasil é o terceiro maior consumidor de podcast NO MUNDO!
A estética que define hoje a relevância da informação passada está mais pautada no esforço em parecer confiar com 100% de certeza no que se está falando somada à máxima síntese de transmitir ideias com clareza suficiente para prender a atenção do espectador no rol dos timelines e feeds. Mas e quando alguém acredita realmente no que diz ou diz saber, numa absoluta certeza de que será ouvido? Personal on demand broadcaster define mesmo o que é esse produto midiático que não é rádio, não é live, não é programa de tv… ou é tudo isso ao mesmo tempo?
Debate, who? Mais uma vez, nas últimas eleições, esse formato de conteúdo se tornou decisivo para inclusive especular a popularidade dos candidatos: uma espécie de pesquisa assim como a dataToalha, já que muitos desacreditaram nos institutos de pesquisa tradicionais. O formato do podcast permite que o entrevistado transcorra sobre assuntos pertinentes à sua percepção de mundo de maneira franca, direcionada ao público sem a interferência de contrapontos do lado oposto. Opa! Aí que mora o perigo.. A falta de embate, mais uma vez, limita o senso crítico, sendo capaz de unilateralizar as conversas, alimenta o fetiche de dominação do outro através da imposição dos seus desejos e cria um campo passivo de reverberação sustentando declarações polêmicas e que ofendem 93836367 direitos humanos. Alô, Monark? É você?
E agora, se tá na internet é verdade?
O comprometimento com a verdade transpassa as perspectivas de formato do que se é ou não um veículo de comunicação íntegro. Se a internet fez a arte descer do salto, não vai fazer com que os conteúdos passem a ser difundidos de maneira palatável? A construção do indivíduo não deixou de acontecer pela ascensão e queda de determinados formatos midiáticos: rádio, telefone, televisão, computador, celular… Adaptações e meios de sobrevivência da informação. E a pergunta talvez seja: se está na MÍDIA, é verdade?